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Hoje a entrevista é com um poeta, dentista, que gosta muito de viajar, e que ainda  elaborou todo o site do Museu Virtual de Adamantina.

Hoje a conversa é com Marcelo Rossilho, curador do MUVIA

A entrevista está deliciosa. 

 

 

1)  Ola Marcelo, você nasceu em Adamantina?  Em que período você morou na cidade?

Olá a todos, nasci em Tupã cidade onde moravam meus avós por parte de minha mãe. Minha mãe que era bem jovem e talvez se sentisse mais segura perto de seus pais. Porém, meus pais já moravam em Adamantina, então toda minha infância e adolescência vivi em Adamantina, como todo bom adamantinense de coração. 

2)  Quais são as mais recorrentes lembranças de sua infância em Adamantina?

Ótimas lembranças, não havia computador e outras tecnologias de hoje, então me divertia com desenhos no caderno da escola, lápis de cor, canetas sylvapen, gostava de subir no telhado, de perna lata, esconde-esconde, estilingues, carrinhos de rolimã, pescaria nos pequenos córregos, criação de porquinhos da índia no quintal, peixes num tanque feito por mim, passarinhos, caminhadas, aventuras deliciosas num tempo que parecia nunca passar, havia andorinhas fazendo algazarra e o céu mais azul que já existiu. Sem contar meu pé de goiaba e o abacateiro, minha tartaruga, o pato, as abelhas jataí que havia no muro de minha casa e o sol do amanhecer que atravessava a janela quebrada do meu quarto e me tocava o rosto me chamando pra brincar.     

3)  Na adolescência, quais eram as opções de diversão na cidade e quem eram seus amigos?

Minha adolescência também foi muito divertida e talvez um pouco tumultuada. As opções para diversão eram poucas, mas eu gostava muito de ir à piscina. Quando criança ia de manhãzinha com minha mãe para o ATC, íamos de charrete que pegávamos na esquina da antiga rodoviária. Lembro-me bem do charreteiro que não tinha nariz, havia só um buraco, e ele fazia uns sons de beijo que o cavalo entendia e obedecia. Lembro-me do cavalo fazendo cocô e do cheiro das arvores do ATC, e do parquinho, era uma coisa que parecia mágica. 

Depois, na adolescência, mudei pra perto do centro e frequentei muito o Ipê Clube também. Tinha muitos amigos de várias partes da cidade, mas que hoje a maioria já não tenho mais contato. Havia as festas juninas e as fogueiras no meio da rua mal iluminada pelos postes e as bombinhas e os bailes nos clubes e as “brincadeiras” onde dançávamos e fazíamos pose com o cigarro na boca e a calça Lee boca de sino. Hoje já não fumo faz mais de 30 anos, acho. Eu gostava muito de música, mas tocava muito mal violão, até tentei. Fazíamos serenatas, mas eu não tocava nada. Só fazia presença e cantava muito mal também. Depois aprendi a dirigir com uns 14 anos e vivia rodando pela periferia da cidade para mostrar que eu já dirigia. Naquele tempo as leis não eram tão rígidas como hoje. Era muito divertido. Lembro de ter assistido os filmes de Tarzan, O destino de Poseidon e A menina do Fim da Rua, entre outros, no cine Santo Antônio. A cidade não oferecia muitas opções, mas a gente inventava maneiras de ser feliz.

E éramos.   

 

4) Marcelo, hoje onde você mora? Qual foi a última vez que esteve em Adamantina? Ainda tem familiares na cidade?

Moro na cidade de Itu, onde mora o Marcelo Rossato, mas talvez eu mude pra são Paulo, estou numa fase de mudanças internas e externas. As mudanças me fazem bem. Faz muitos anos que não vou a Adamantina. Nem me recordo da última vez. Mas já planejei fazer uma visita agora este ano. Porém gostaria de ir com a nossa Equipe “MUVIA” e “SOMOS NÒS” composta por mim, Dom Néio e Super Suca. Estes dois são fenomenais. Fica aqui o meu convite. Adamantina ainda me seduz e pulsa forte no peito principalmente quando escuto o hino empolgante de Raul do Valle que nos deu aquela entrevista inédita pra lançarmos exclusivamente no MUVIA. Em adamantina ainda tenho parentes, primos, primas, tias e tios e velhos amigos e amigas inesquecíveis.    

5)  O que vem em sua mente quando se lembra de Adamantina?

Lembro-me dos sentimentos de descobertas e alegrias que a cidade me proporcionava. Cresci e aprendi com as mais diversas pessoas e as coisas próprias de Adamantina e a cidade me parecia uma “grande mãe” a me ensinar três coisas: sofrer, ser feliz e amar, pois, apesar das dificuldades me sentia plenamente em casa em qualquer ponto da cidade. Ali eu chorei várias vezes de joelho ralado na calçada, fui hospitalizado também por fraturas por cair de árvores ou muros que despenquei com cortes profundos no corpo. Eu era bem arteiro mesmo. Mas de bom coração como minha mãe dizia. Eu poderia dizer que aprendi a ser feliz e a enfrentar as tristezas ali na minha infância e juventude. Porém, confesso que ainda estou aprendendo até hoje rss    

6)  Você faz parte do Grupo Somos Nós de Adamantina que hoje possui quase onze mil participantes. O que representa esse grupo para você?

Algo fascinante que toca o coração e ao mesmo tempo como um paliativo para quem sempre amou a cidade e hoje estão bem mais velhos, nossos olhos distantes e úmidos refletem as pipas no céu azul da memória e seus desenhos de amarelinhas pelas calçadas. O grupo significa algo irrecuperável senão pelas amizades, pelo sentimento de amor e pelas lembranças destas crianças envelhecidas, que somos nós.  Somos todos nós que clamamos no deserto de nós mesmos a Adamantina que ressurge altaneira em nossos corações. O grupo abre as suas portas como asas da emoção a nos trazer de volta o amor que outrora nos envolveu como a seda azul do papel que envolve a maçã, numa alusão ao poeta. Tenho vontade de aplaudir de pé o Grupo Somos Nós de Adamantina.      

7)  Quando e como você conheceu o Néio e a Sueli Yamauti?

A Suca conheci na adolescência. Ela tinha uns 13 anos e eu tinha uns 17, e a gente frequentava a mesma escola, a mesma turma, o mesmo clube, para parodiar a música do Chico, talvez nos sentássemos no mesmo banco, na mesma praça, no mesmo jardim, e aconteceu de participarmos de uma mesma peça de teatro, do amigo Tele, filho da professora Fleurides C. Menechino.  Éramos meio subversivos na época. E fazíamos poemas que rodávamos num mimeógrafo do Prof. Jiro, pai da Suca, e que distribuíamos pelas casas.  Era um tempo de descobertas e quando não havia o que fazer a gente curtia apreciar o amanhecer ou o pôr do sol. Posteriormente isto foi contado no prefácio de um livro chamado A Flor Crua, publicado em 2013 com uma tiragem muito pequena apenas para amigos mais próximos e familiares. 

O Néio conheci através do Marcelo Rossato, que foi um dos bons administradores do Grupo, e logo em seguida eu assistia o administrador chamado Néio de Souza Bom com a sua destreza e habilidade em tratar as pessoas de forma tão humana, gentil e inteligente. Estou como administrador do grupo deste a sua criação, mas a partir daí passei a fazer parte mais ativa e iniciamos uma amizade que nos levou a um novo projeto chamado MUVIA - Museu Virtual de Adamantina e desde então não paramos mais de buscar e criar coisas boas que se referissem ao sentimento em comum que nos envolvia, o amor pela cidade de Adamantina.          

8)  Marcelo, como surgiu a ideia do Museu Virtual e qual sua participação nesse projeto?

Não sei, creio que a ideia foi coletiva, mas impulsionada pela Suca, nossa motivadora, (entusiasta crônica) pois havia um grande acervo de fotos que os integrantes nos enviavam e ainda enviam, e o museu foi uma forma de expor a todos aquela riqueza que possuíamos. 

Na equipe todos fazem um pouco de tudo, eu fiquei com a parte de criar e estruturar o Museu virtual para que pudéssemos viabilizar a exposição das imagens e textos e vídeos de forma que o design meio retrô pudesse passar a seriedade, mas ao mesmo tempo aparentar lúdico, pois não queríamos que parecesse um museu pois museu parece sempre remeter a coisa velha. 

A Suca e o Néio cuidavam mais da parte do conteúdo com suas fotos e imagens e também da história de adamantina. Mas todos fazíamos de tudo, também criei partes do museu quase que na totalidade postando também fotos e pesquisando a história. Suca e Néio também colaboravam em todas as fases e o Néio, nosso garoto propaganda, que faz o contato com a mídia, que faz as entrevistas, mas que também colabora em todas as partes criativas do Muvia. Acredito que foi uma divisão de trabalho espontânea e feliz pois tudo foi sincronizando como uma engrenagem perfeita.  Na ausência de um de nós o trabalho não seria possível.   

9)  Você já havia criado um site assim antes?

Nunca, fui aprendendo conforme as necessidades surgiam. Eu criei o site, mas sem a ajuda do Néio e da Suca isto seria humanamente impossível. 

10)  O que o museu virtual tem de diferente em relação ao museu físico que está sendo construído em Adamantina?

O MUVIA tem suas raízes na emoção e no coração. Não temos muitas regras de arquivo digital ou regras estatísticas rígidas. Ele nasceu no meio da saudade. Foi criado pelos próprios adamantinenses e não por especialistas em museologia. Fomos contando a história de Adamantina através de depoimentos e fotos e vídeos espalhadas pela cidade e pela internet. Não esquecendo a colaboração do autor do livro Reviver Adamantina e do veículo SigaMais além de outras fontes. O MUVIA não está terminado porque permanece em constante nascimento, sempre sendo acrescentadas mais e mais informações a cada momento.   Já o museu físico tem aquela coisa de materialidade, do registro de cada peça enumerada e catalogada, talvez um dia a gente também se incremente neste sentido. 

11)  Como vocês pretendem manter o museu virtual? Ele tem custos?

Sim, ele tem custos. Não temos patrocinadores então arcamos com a despesa do nosso próprio bolso.  Montamos uma pequena lojinha (que peço que visitem e contribuam) onde vendemos algumas camisetas para ajudar na manutenção que não é nada barata. E se algum empresário ou família resolver nos apoiar temos espaço para divulgação e reconhecimento de patrocinadores e anunciantes.   

12)  O que você diria para as pessoas que ainda não visitaram o museu? 

Vocês não sabem o que estão perdendo!!! 

FIM

Nós, de Adamantina, agradecemos a sua dedicação em deixar esse legado para a cidade. 

Entrevista feita por Néio e Suca. 

Visitem o Museu – www.muvia.com.br e façam suas inscrições como membro no site.

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